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terça-feira, 25 de maio de 2010

Debate ético no laboratório


O anúncio da criação de uma célula de bactéria com genoma artificial pela equipe de cientistas do instituto fundado pelo biólogo Craig Venter provocou reações diversas do governo dos Estados Unidos (EUA) e de representantes da Igreja Católica. Para a ciência, a descoberta dos norte-americanos significou um avanço com múltiplas aplicações potenciais, que deve permitir a compreensão dos mecanismos da vida.
Por outro lado, autoridades católicas italianas expressaram perplexidade e preocupação diante do fato.

O presidente norte-americano Barack Obama pediu que conselheiros especializados em biotecnologia do país façam uma análise detalhada das implicações da tecnologia. Segundo Obama, a Comissão Presidencial para o Estudo de Questões Bioéticas deve considerar o potencial médico, ambiental, de segurança e outros benefícios desse campo de pesquisa, assim como seus riscos potenciais. O estudo da primeira célula sintética foi divulgado na última semana pela revista especializada Science pelos cientistas do J. Craig Venter Institute (JCVI), na última quinta-feira. Na sexta-feira, o bispo Domenico Mogavero, presidente da Comissão para Assuntos Jurídicos da Conferência Episcopal Italiana, classificou a pesquisa como um "devastador salto ao desconhecido". "O homem vem de Deus, mas não é Deus. Ele é humano e tem a possibilidade de dar a vida procriando, e não construindo-a artificialmente", acrescentou, em entrevista ao jornal italiano La Stampa. Em seu discurso, o religioso se referiu às inúmeras aplicações do novo método, entre eles, a produção de organismos artificiais, no futuro. Por outro lado, o padre italiano Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, foi bastante prudente ao falar sobre o assunto. "É preciso esperar para sabermos mais sobre essa descoberta", afirmou. O monsenhor Rino Fischella, principal bioeticista da Igreja Católica, também foi mais prudente: "É uma grande descoberta científica. Agora temos de entender como ela será implementada no futuro".
Consulta
Questionado sobre a possibilidade de estar "brincando de Deus", Venter disse que a afirmação tem sido um clichê toda vez que uma descoberta do tipo é divulgada. O cientista enfatizou ainda que o estudo não criou a vida do zero, mas a partir de uma outra já existente, por meio de um DNA artificial, que reprogramou as células. De acordo com as declarações do biólogo, inúmeros especialistas na área de ética foram consultados pela equipe antes que o trabalho fosse iniciado. Ainda segundo ele, o próprio governo norte-americano foi informado do conteúdo do estudo, devido às implicações de segurança, já que a técnica poderia ser usada para sintetizar armas biológicas. No entendimento do presidente Barack Obama, a comissão presidencial que discutirá a criação da célula com genoma artificial deve formular recomendações. O intuito, segundo ele, é "garantir que os Estados Unidos colham os benefícios dessa área científica enquanto identificam os limites éticos e diminuem os riscos". O grupo formado pelo presidente deve se reunir para uma primeira audiência já nesta semana.
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Fonte: DN Online

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