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domingo, 29 de agosto de 2010

Pacientes esquecidos pela família

Homem sem identificação foi apelidado de "Grafith" pelos funcionários da unidade, em alusão a uma de suas tatuagens 
Foto: Fábio Cortez/DN/D.A.Press

Leito 248, segundo andar, setor de neurologia do Hospital Walfredo Gurgel. Esse é o endereço de um homem que está internado na unidade desde o dia 1º de maio e tem apenas uma placa sobre sua cama, onde está escrito, à mão, as palavras "não identificado". Um traumatismo craniano grave emudeceu sua voz, mas não apagou a expressão de seus olhos, que parecem querer encontrar uma saída para aquele sofrimento. No corpo, além das marcas da violência que sofreu, tatuagens com nomes de mulheres que, possivelmente, são aquelas que o esperam, ou o abandonaram à sorte.

Assim como este paciente, muitos perdem a consciência e ficam amparados pelas unidades de saúde, mas outros são deixados para trás por seus familiares, que os reconhecem, mas os rejeitam.

Eles chegam aos hospitais públicos das mais variadas maneiras, sendo a maioria vítimas de acidentes no trânsito ou da violência urbana, como o caso do homem internado no leito 248, do HWG. Segundo a chefe da divisão do Serviço Social da unidade, Ângela Diógenes Rego, o paciente, que foi apelidado "Grafith" - por causa de uma tatuagem com este nome, nas costas -, chegou ao hospital com um traumatismo craniano grave, causado por um espancamento. "Ele veio completamente desfigurado. Foi encontrado na rua pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Passou pelo procedimento cirúrgico e perdeu o sentido.

É totalmente desorientado. Não se comunica de forma alguma. Já procuramos familiares dele, chegamos a encontrar um pescador em Ponta Negra, que poderia ser pai dele, mas as tentativas foram frustradas", afirmou.

Situação comum
Assim como Grafith, muitos pacientes são abandonados na unidade, o ano inteiro. Segundo Ângela, 95% são homens com idade acima de 30 anos. A maioria são moradores de rua, que chegam espancados. "Eles recebem o atendimento necessário e alguns, que ficam com sequelas, acabam tendo uma atenção maior do serviço social e dos psicólogos do hospital. Eles chegam desorientados, sem saber onde estão, ou quem são. 

Cada dia dão um nome diferente. Recebem alta clínica mas não têm alta social, isto porque os familiares não os vêm buscar. Então, comunicamos a assessoria de imprensa para que divulguem. Ao mesmo tempo, vamos procurando fazer contato com os possíveis parentes que eles vão informando", afirmou.  
Fonte: DN online

2 comentários:

  1. Como é triste pensar que alguém pode ser largado a própria sorte, sem apoio ou atenção. Sei que é um comentário "inocente" e há milhares de pessoas nessa situação, mas quando estão "fora das nossas vistas" esquecemos que elas acontecem.

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  2. Oi Marina, obrigado p/ seu comentário e visita ao nosso blog.
    Você está coberta de razão e a "inocência" mencionada transmite a sinceridade de suas palavras. Como é triste não ter apoio/atenção de alguém e ser "esquecido" pelo próximo e/ou sociedade...

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