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segunda-feira, 15 de março de 2010

ORTOPEDISTAS ALERTAM QUE CIRURGIA NÃO É A INDICAÇÃO PARA HÉRNIA DE DISCO

A Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – SBOT lançou um alerta para o público leigo, para esclarecer que a chamada “hérnia de disco” não tem como solução necessária a cirurgia, indicada só em 5% dos casos e que é indevido o medo que as pessoas têm do problema.
Para um porta-voz da SBOT, o cirurgião Luiz Roberto Vialle, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, a dor atribuída à “hérnia” só precisa de alívio com alguma medida de suporte na maioria absoluta dos casos e em três a quatro semanas os sintomas regridem naturalmente. Para ele, o nome “hérnia de disco” não é adequado, pois o que causa a dor geralmente não é o disco, mas o gel que escapa do disco e comprime temporariamente um nervo, até que o organismo reabsorva naturalmente esse gel.
A SBOT decidiu falar sobre a “hérnia de disco” para deixar claro que 70% dos casos têm motivação genética, isto é, filho de pai com dor lombar, tem grande possibilidade de vir a ter o mesmo problema, que é degenerativo. “Por isso mesmo a prevenção do problema passa pelo exercício físico, em especial pelos abdominais, que reforçam a musculatura da parede abdominal, reduzindo a pressão sobre a coluna e, consequentemente, sobre o disco”, diz.
Vialle explica que o disco corresponde a uma bolsa de água quente cheia de um gel, um amortecedor que, com o desgaste devido à idade ou eventualmente um trauma, a parede externa que, no exemplo seria de borracha, se deforma, há um vazamento e um pouco de gel escapa, encostando num nervo que reage como um fio elétrico, e o resultado é a dor.
“A Organização Mundial da Saúde afirma que 70% da população sofre, ao longo da vida, pelo menos uma crise de dor na coluna”, continua o médico, “e a crise pode ocorrer aos 20 anos, devido a um cair sentado, o levantamento de um peso excessivo, uma mala de viagem ou pelo fator genético”, esclarece o ortopedista, mas também pode acontecer aos 50 ou 80 anos. O que é certo é que a Medicina não mais recomenda que a pessoa fique de cama, que a maioria dos casos da dor na coluna ou da dor no ciático, sentida na coxa, regride sem qualquer medida e não há que fazer massagem “nem procurar a benzedeira”, insiste, pois bastam medidas de apoio ao paciente, para ajudá-lo a suportar o prazo de três a quatro semanas.
Em 10% dos casos há necessidade de tratamento mais importante, além de anti-inflamatórios e analgésicos, entende a entidade maior dos ortopedistas, e só em 5% é necessária a operação. Hoje, a cirurgia é pouco invasiva, micro-cirurgia, o prognóstico é bom, a operação simples, remove-se o disco e em geral não há necessidade de ser complementada com implantes metálicos, nem longa internação hospitalar.

ENVELHECIMENTO AUMENTA
O médico, que é professor titular da PUC do Paraná e cirurgião da coluna, orienta que o alerta sobre a hérnia discal lombar é oportuno porque é a mais comum das alterações degenerativas da coluna. “Como a população brasileira está vivendo mais, maior número de pessoas chega à idade em que é mais comum esse tipo de problema”, afirma, e é vital que se entenda que não tem a gravidade atribuída pelo leigo, que é um problema que se cura espontaneamente e, quando não, a Medicina tem um vasto arsenal que permite a plena recuperação do paciente.
Se alguém tem problemas de coluna na família, deve se prevenir, evitar sobrecarga de peso, diz Vialle, optar por levantar cargas usando os músculos da coxa, encostar uma mala na perna, antes de erguê-la, evitar carregar botijões de gás, responsáveis por muitos casos da chamada hérnia e, principalmente, lembrar que “não se deve fazer da coluna um guindaste”.
Quando, apesar dos cuidados, vier a lombalgia, isto é, a dor, entender que ela vai passar naturalmente. É uma crise e não um problema que veio para ficar, não é para ser fatalista e falar “la vechiaia è bruta”, como dizem os italianos, referindo-se à dor como sintoma da velhice. “A dor da coluna há de passar”, garante o médico, e vida voltará a merecer ser vivida e certamente com muita satisfação

Fonte: http://www.sbot.org.br/

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