Centenas de mossoroenses vivem sem ter um seguro de saúde privado e dependem do setor da saúde pública para se tratarem. E o caso da dona-de-casa Maria Rosimira Duarte é apenas um entre tantos outros, mas serve como exemplo. Há três anos ela foi diagnosticada com um problema de mioma no útero, mas até hoje não conseguiu realizar a cirurgia para retirada do tumor.
"Primeiro para eu ter o diagnóstico já foi uma batalha. Os médicos diziam que eu não tinha nada. Depois que descobri que estava com mioma venho enfrentando uma nova batalha para conseguir a cirurgia. Os médicos com quem me consulto me dizem que não realizam a cirurgia, pois o SUS não oferece condições e nem material. Algumas pessoas até me disseram que se eu tivesse ‘amizade’ conseguiria. Mas, e quem não tem? Não questiono só por mim, mas por outras pessoas que estão na mesma situação", conta Maria.
O que a cidadã pede é apenas uma resposta a um direito que assiste a todos os brasileiros e é garantido por lei: o de ter um serviço de saúde gratuito, voltado principalmente para pessoas de uma classe média mais baixa. "Só para marcar uma consulta demora muito tempo. Tudo isso cansa, faz a pessoa desistir. Já procurei vários médicos e todos me dizem a mesma coisa. E o que eu acho pior é que muitas pessoas que têm condições de pagar pela cirurgia, tem 'amizades' e conseguem fazer pelo SUS", critica a dona-de-casa.
Segundo informações da assessoria de comunicação II Unidade Regional de Saúde Pública (II Ursap), a cirurgia é oferecida pelo SUS. "A pessoa que é de Mossoró precisa primeiro procurar um médico em um posto de saúde para ter o diagnóstico e um encaminhamento do próprio médico para realizar a cirurgia. Depois do encaminhamento, ela deve marcar na junta médica", informa a assessoria. Ainda de acordo com a II ursap, o atendimento é oferecido pela Casa de Saúde Dix-sept Rosado.
O diretor da Casa de Saúde, Laíre Rosado, informa que são realizadas cirurgias de retirada de mioma todos os dias na unidade. A responsável pelo setor de avaliação e controle da Gerência Executiva da Saúde, Marineuza Rebouças, explica que o primeiro passo é tentar conseguir um laudo emitido pelo médico. "O médico deve fornecer um laudo de emissão de autorização de internação hospitalar e o paciente leva até a junta médica, localizada próximo ao Samu. O médico autorizador vai avaliar e liberar. Depois disso, o paciente pode ir ao hospital e marcar a cirurgia", explica a responsável.
Ela diz que o procedimento não é demorado. "O que eu aconselho para a paciente é que ela volte e converse com o médico, explique a situação e pergunte por que ele não quer fazer a cirurgia. Em último caso, ela deve vir procurar a Gerência de Saúde para conversar com Jaqueline Amaral, para ver se encontra uma alternativa. Nós não podemos obrigar médico a fazer cirurgia, mas podemos conversar, pois a saúde é para todos", declara Marineuza.
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